sábado, 20 de junho de 2009

UMA QUESTÃO DE AUTENTICIDADE




Antes da aposentadoria eu tinha duas colegas de trabalho, baianas, que me proporcionavam momentos de distração, mesmo no horário de trabalho. Elas gostavam de utilizar seu inglês-baiano para dizer, pronunciando como se fosse portugês (com os sons das vogais como utilizamos em nosso idioma): "money que é gud nóis num révi" (dinheiro que é bom nós não temos). Eram momentos de descontração, que aliviavam o stress do nosso dia-a-dia.
Bem mais recentemente os embates entre eu minha neta mais velha, ainda adolescente, são vigorosos, motivados pela sua mania americanizada de ser. Nas festas juninas ela me convida para assistir suas apresentações no colégio. Eu, naturalmente, vou esperando encontrar a garotada com trajes caipiras, como é bom e salutar nesse período do ano.
Mas vejo as mocinhas e rapazinhos reproduzindo os trajes americanos, com chapéus panamá, calças jeans e coletes à moda dos cawboys. Em vez do arrasta-pé e vanerão e dança de quadrilha, toca-se música country, e por aí vai.
Nosso folclore vem sendo desfigurado, cedendo espaço às manifestações das bobagens americanas. Assim não se fala mais em saci-pererê, mula-sem-cabeça, lobisomem. Mas se comemora o halloween. Estou cansado de ver nossas pobres criancinhas pelas ruas a caminho de festas do dia das bruxas americano. São adestradas desde pequenas.
Aí eu fico pensando: tudo bem que os Estados Unidos da América são importantes para o mundo, na economia, na cultura (basta lembrar o cinema), e até nas guerras onde impõem à força - diga-se - a democracia mundo afora.
Sendo importantes como são é razoável que o inglês seja a lingua internacional do momento. Mas considero ser importante apenas como meio de comunicação, quando duas pessoas de países e idiomas diferentes têm de se entender. Então que se caia na vala comum do idioma dominante. Apenas e tão-somente para isso.
Essa história de brasileiro sair por aí exibindo o inglês como uma conquista, por isso cosiderando-se superior, chegou à babaquice. Podem e devem enriquecerem-se culturalmente, sendo até poliglotas. Mas não devemos nos deixar colonizar culturalmente. Não precisamos agir como papagaios a imitar o linguajar do povo do norte, às vezes sem entender direito o que se está dizendo. Nem como macaquinhos, micos que não se valorizam, ao dançar como os gringos. A dança fala muito da pessoa e de um povo, e deveria ser a manifestação do orgulho de sermos brasileiros.

Eu acho graça do nosso povo. Parece que o ufanismo pelo Brasil toma de assalto algumas pessoas apenas a cada quatro anos, quando da relização da copa do mundo de futebol. Aí o verde-amarelo toma conta das ruas, as roupas são verde-amarelas, a Bandeira Nacional envolve muitas pessoas. Bacana isso! Mas só se vê enquanto a seleção não for eliminada. Ano que vem poderemos observar que não estou mentindo.

Por isso eu tenho um grande orgulho ao ver nosso atual presidente da República a discursar na assembléia da ONU. Pelo menos por enquanto acabou aquela coisa estranha de se ver o brasileiro mais importante a falar num idioma que não é a lingua pátria. (Se bem que, neste particular, ele estaria a permitir que todos o entendessem sem a necessidade de intérpretes, uma das regras da comunicação internacional). Mas que é bom ver o mundo a ouvir a nossa língua, isso é!

Eu não conhecia o termo e nem sabia traduzí-lo para o português. Mas comecei a ver nas placas das farmácias e drogarias o palavrão "Drugstore" colocada com maior evidência que os nomes das empresas. Achava que era o nome de alguma substância usada na composição ou a marca de algum medicamento. Quando, porém, procurei saber o significado quase caí de costas: a palavra quer dizer "farmácia", "drogaria". Não sei o que comentar. Não sei como os empresários se dão a si próprios e à suas empresas tanto desprezo, a ponto de anular a possibilidade das pessoas mais incultas (que são a maioria da nossa população) saber que são farmácias ou drogarias. Eu imagino que muitos cidadãos deixam de entrar nesses estabelecimentos, simplesmente por não saberem do que se trata, que tipo de mercadoria se encontra lá dentro. Muitos podem dizer que é moderno, mas para mim, não passa de uma grande burrice, um tiro do pé.
Eu gostaria de concluir enfatizando que não sou contrário ao saber e à cultura geral. Portanto acho importante as pessoas evoluirem intelectualmente. Apenas acho de bom alvitre valorizarmos mais as nossas coisas, a nossa brasilidade. E não ser um povo pobre, colonizado naquilo que é a diferença dos humanos em relação aos outros animais: a capacidade de comunicação da forma mais direta possível. Ainda mais quando o que está em questão é nossa plena soberania.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A TV, OS BBB´s E OUTROS BICHOS


Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2009

A TV, OS BBB's E OUTROS BICHOS

Na noite de ontem, pela primeira vez, assisti ao programa BBB da Rede Globo. Ha tempo venho ouvindo as pessoas comentarem a respeito, mas nunca me encorajei a assistir (parece absurdo existir um ser humano neste pais que nunca havia assistido ao badalado programa, mas é realidade. Quem duvidar pergunte aos meus familiares).
E acho que nao estava errado em nao dar importancia. Pois o que vi foram cenas lastimaveis dos pontos de vista dos bons costumes: insinuacao de lesbianismo, babaquices de toda sorte, libertinagens nem sempre aconselhaveis a todas as pessoas de uma familia, embora, sabemos, ateh as criancas de 7, 8 anos assitem a todas as babaquices apresentadas.
É interessante ver como ainda somos um povo que vivemos muito abaixo da critica, jah que nao filtramos o que pode edificar, ou o que pode minar nossos costumes.
Como eu disse logo ali em cima, eu nunca me sentei na poltrona para assistir ao BBB em seu horario habitual. Mas assisti alguns de seus integrantes numa redoma de vidro num shoping, como verdadeiros micos no zoologico enquanto as pessoas os admiravam do lado de fora. Se nao me falha a memoria, num flash de reportagem para outro programa da mesma emissora.
E vi, com os meus olhos que a terra há de comer, ateh um psiquiatra (que deveria muito mais estar exercendo suas atvidades no consultorio, salvando vidas) fazendo uma analise do comportamento daqueles desocupados (porque se dispoem a permanecer nao sei quantos meses confinados num ambiente fechado, de papo p'ro ar, sem produzir nada que valha a pena).
É bem verdade que se permanecem tanto tempo como desocupados, na mais completa vadiagem, eh porque do lado de ca, nas casas de tantas familias brasileiras, existem alguns milhoes de olhos e ouvidos aplaudindo as tolices que fazem. E - o pior - gastando dinheiro com ligacoes telefonicas para votar. Soh com as quase vinte milhoes de ligacoes recebidas no programa de ontem, a emissora jah arrecadou, multiplicado varias vezes, o valor do premio que darah ao vencedor da disputa. Sem falar na empresa de telefonia, que pega carona na avalanche de pessoas apaixonadas. Surpreendi-me ao ver os números dos telefones disponibilizados para o público, pois achava que seriam 0800 (aqueles de ligações gratuitas).
Mas, pelo visto, nao sao apenas aqueles que se submetem ao dominio do imperio dos meios de comunicacao para adquirir fama, ainda que efemera. Porque do lado de ca, somente no dia de ontem, foram mais de 16.000.000 de babacas, pagando para ver a continuacao do lamentavel e, para mim, decadente show.
É lamentavel observar que esse tal "grande irmao", conseguiu ser ateh pior que o Show da Xuxa...